quarta-feira, 19 de maio de 2010

Nossa Senhora de Nazaré


Os primeiros séculos da Igreja Católica foram caracterizados por um certo grau de tolerância com os pagãos que se convertiam maciçamente. Um dos costumes que essas pessoas traziam era o culto que prestavam às imagens de suas divindades.

A tolerância a que nos referimos tem um detalhe de purificação: em vez de se terem estátuas dos ídolos do paganismo, as imagens passaram a representar figuras bíblicas, especialmente aquelas ligadas ao NT.

Acreditamos que nenhum outro personagem ganhou mais representatividade entre os católicos do que Nossa Senhora, a Mãe de Jesus, que nos foi entregue pelo Salvador quando expirava no Calvário.

A pequena imagem de Nossa Senhora de Nazaré, que hoje é venerada em Portugal teria recebido essa denominação pelo fato de haver sido esculpida, em madeira, naquela cidadezinha da Galiléia onde a Sagrada Família se estabeleceu.

A profissão de São José que era carpinteiro e não escultor bem como a profunda religiosidade herdada de seus antepassados que não permitia a confecção de imagens humanas elimina por completo a possibilidade de ter sido o pai adotivo de Jesus o autor da bela peça.

De Nazaré, a imagem foi levada pelas mãos do monge Ciríaco que, fugindo dos dominadores romanos, a entregou a São Jerônimo, que, por sua vez, a fez chegar às mãos de Santo Agostinho.

Este a remeteu para o Mosteiro de Caulina, na Espanha, onde permaneceu até o século VIII, quando a invasão turca levou os monges a abandonarem a região.

Quando os monges deixaram o mosteiro, a pequena imagem ficou sob a guarda do abade, frei Romano, que acompanhou dom Rodrigo, rei da Espanha que, tendo sido derrotado pelos turcos na batalha de Guadalete, fugia em direção a Portugal.

Ao se separarem, já em território português, o religioso permaneceu com a imagem, refugiando-se na localidade chamada Sítio do Monte Siano, onde foi encontrado por dom Rodrigo, em 716, já morto.

A imagem de Nossa Senhora, porém, cuidadosamente escondida por frei Romano, somente seria encontrada séculos depois, casualmente, por pastores, num pequeno abrigo de pedras no alto daquele monte.

A notícia da descoberta da estatueta espalhou-se rapidamente, chegando ao conhecimento do fidalgo lusitano dom Fuas Roupinho, que passou a visitar com freqüência o pequeno altar rústico que guardava a imagem, sendo o protagonista do primeiro milagre atribuído à Virgem de Nazaré.

Dom Fuas não é um personagem qualquer. Na história do povo lusitano, em suas origens, desempenhou papel importante como estrategista e líder, comandando suas tropas em grandes vitórias na defesa do território português, em especial contra os mouros, quando estes invadiram a Península Ibérica e ocuparam a região da Espanha.

Conta-se que, em 14 de setembro de 1182, caçando nas redondezas, dom Fuas se viu, de repente, frente a um enorme precipício. Na iminência da morte certa, lembrou-se da imagem e gritou: «Senhora, valei-me!»

No mesmo instante sua montaria estancou, cravando as pata traseiras em solo firme, rodopiando sobre elas, pondo a salvo o cavaleiro. Impressionado com o ocorrido, dom Fuas mandou erigir uma capela no local.

Anos mais tarde, no reinado de dom Fernando, este mandou construir um templo maior, que foi elevado depois à condição de matriz e onde se reunem os portugueses para render fervorosas homenagens à Virgem de Nazaré no dia 14 de Setembro.

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